Com membros suspeitos de envolvimento em atentado contra ônibus do Bahia, Bamor tem relações institucionais com deputados baianos.

Creditos da foto:reprodução / redes sociais

Com o presidente e outros membros suspeitos de participação no atentado contra o ônibus do Bahia, no último dia 24 de fevereiro, a Torcida Organizada Bamor mantém relações institucionais com dois políticos com mandato no estado: os deputados estadual Niltinho (PP) e federal Mário Negromonte Jr (PP). 

Nas redes sociais do grupo, há postagens com personalidades políticas baianas. A reportagem do Aratu On, contudo, preferiu destacar apenas os que possuem mandato no momento, que são Negromonte Jr. e Niltinho. Nas redes sociais da torcida, há uma série de referências a ambos.

Em todos os cards divulgados pela Bamor, há a marca de Niltinho. Nas redes sociais pessoais, o parlamentar tem publicadas imagens e vídeos com a camisa do grupo, inclusive em jogos na Fonte Nova. 

À reportagem, Niltinho disse que não é filiado à torcida, e afirmou que tem “contribuição pontual” com o grupo, mas que, no momento, não possui intuito de retirar o apoio à organizada como um todo, o que, na visão dele, iria apenas “punir os associados”.

“Não vou como político, cidadão e torcedor punir a torcida organizada. Vou também como cidadão cobrar que aqueles que eventualmente estejam envolvidos paguem pelos crimes”, indicou.

O progressista diz que a relação com a Bamor começou há cerca de um ano, após proposta do presidente Half Silva. O intuito seria que o deputado contribuísse “de forma direta ou indireta” com ações sociais promovidas pela organizada.

Ele garantiu que vai “repudiar ações de vandalismo e agressão”. “Sou terminantemente contra isso e contra qualquer ato que mexa com o respeito e integridade física. Desejo que seja apurado. Esse é o papel da Justiça, e aqueles que estejam diretamente ligados sejam punidos com o rigor da lei, sem exceção”, pontuou.

Ele, contudo, opinou que o presidente da Bamor não lhe parece ter perfil de alguém agressivo. No ano passado, ele diz que, num jogo na Fonte Nova, esteve com Half e o filho dele, um adolescente de cerca de 15 anos. “Não acredito que alguém que tenha o espírito de agressão leve o filho pra esse tipo de ambiente”, comentou, reiterando, no entanto, que “não pode afirmar se o presidente esteve no ato”.

Já Negromonte Jr. posou para uma foto com Half Silva, em 25 de outubro do ano passado. Na ocasião, a Bamor anunciou o deputado como o mais novo parceiro da organizada. 

Ao Aratu On, Negromonte Jr. afirmou que a relação dele com a Bamor é “estritamente no campo social”. “Sou tricolor. É importante incentivar que a torcida faça esse trabalho social, para aproximá-la das famílias. É importante que o estádio seja referência de paz e amor que temos no ambiente familiar. E é por isso que apoio as ações sociais da Bamor”, justificou.

Ele conta que a última ação que fizeram arrecadou donativos para apoiar cidades afetadas pelas fortes chuvas no Sul da Bahia, no final do ano passado.

Para o deputado, contudo, é necessário haver punição para os eventuais envolvidos no atentado ao ônibus tricolor. “Se, dentro da torcida, for comprovado pela investigação que alguém fez isso, essa pessoa deve ser condenada e, obviamente, punida pela própria torcida. Não tem jeito. Não conheço o processo, mas é esperar que as coisas sejam resolvidas rapidamente e que haja punição dos eventuais acusados”, concluiu.

O ataque ao veículo em que estava a delegação do Esquadrão aconteceu antes da partida contra o Sampaio Corrêa, na Fonte Nova, em partida anteriormente adiada pela primeira rodada da Copa do Nordeste. Mesmo com a ação criminosa, a partida aconteceu, e o Bahia venceu por 2 a 0.

O mais afetado pela bomba arremessada contra o ônibus foi o goleiro Danilo Fernandes. Ele foi atingido por estilhaços de vidros e recebeu um total de 20 pontos entre orelha, rosto e perna em função dos múltiplos ferimentos em seu corpo.

Na última semana, três suspeitos prestaram depoimento na 6ª delegacia de Brotas, em Salvador. Um deles é o presidente Half Silva. Os outros dois chegaram a ficar detidos na delegacia.

A delegada que investiga o caso, Francineide Moura, ouviu até agora sete pessoas. A autoria do lançamento do artefato explosivo ainda não foi definida.

Na ação, dois veículos que supostamente auxiliaram na ação foram identificados. Um deles seria de propriedade de Half Silva, que nega participação no ato, e diz que, durante o momento do atentado, estava em Feira de Santana para acompanhar a partida entre Bahia de Feira e Coritiba pela Copa do Brasil. O time feirense foi eliminado da competição na ocasião.

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