SAJ: vítima de agressão doméstica dá detalhes da situação e alerta outras mulheres.

A nossa redação, conversou com a mulher que sofreu violência doméstica do seu marido, e chegou a ter seu cabelo cortado com uma faca. As imagens foram divulgadas pela vítima em redes sociais.

“Essa situação começou no sábado da semana passada por brigas pessoais, minhas e dele. Ele começou a me agredir. Cortou o meu cabelo. A minha filha que estava dormindo comigo viu tudo, a maior que tem 8 anos começou a chorar e implorar para ele não fazer aquilo, não me agredir e não me matar. A minha filha estava praticamente passando mal, e de lá para cá só foi agressões, tortura psicológica. Xingamentos agressões. No caso de sexta para sábado, e no sábado eu já fui trabalhar com o cabelo na toca. Eu tinha vergonha de sair na rua, mas eu precisava trabalhar, não podia fica em casa porque eu quem bancava minhas filhas, então não podia fica sem trabalhar. Minhas filhas dependem de mim”, relatou.

A vítima contou ainda que além de ter o cabelo cortada, ficou com marcas de lesões pelo corpo. O caso aconteceu no município de Santo Antônio de Jesus.

De acordo com o art. 5º da Lei Maria da Penha, violência doméstica e familiar contra a mulher é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.

No sábado (05/03) a vítima foi tirada das mãos do agressor por familiares. “No dia que ele me pegou eu estava saindo do trabalho. Ele estava no meio da rua me perseguindo e eu não tinha visto. Ele em uma moto começou a me gritar, me chamando de ‘puta’, ‘vagabunda’, ‘mulher ruim’ e eu fiquei morta de vergonha. Depois ele foi em casa e pegou o carro, me colocou dentro do carro e começou as agressões. Me deu murro no rosto, dizendo que ia me matar. Ai pegamos a menina na Escola, ele deixou na casa da mãe dele e já ia sair de carro comigo de novo, ai de imediato chegou minha tia, meu tio e minha irmã que me tirou de dentro do carro”, contou.

Agressões eram frequentes

O casal estava junto há 16 anos e as agressões eram frequentes, segundo a vítima. “Eu já fui parar no Regional (Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus) várias vezes. Da primeira vez ele deu um murro em meu rosto que eu fui parar no Regional. Minha mãe fez ele me levar de moto para o Regional botando sangue pelo nariz parecendo um boi. Fiquei com meu rosto todo desfigurado e ele sempre me agrediu. Sempre foi agressivo. A gente discutia muito”.

A vítima ainda afirmou que se algo vier a acontecer com ela o principal suspeito deve ser seu ex-marido, dada as ameaças e agressões frequentes. “Ele sempre me ameaçou de morte. Me dizia coisas horríveis por isso fiz aquele vídeo porque se algum dia acontecer algo comigo o culpado é ele. Tem coisas que eu não estou contando aqui por vergonha de contar.”

Coragem para denunciar

Apesar das agressões a mulher contou que tinha medo de denunciar devido as ameaças. Segundo a mesma, seu ex-marido dizia que uma denuncia não daria em nada. O agressor é policial militar. “Ele sempre me dizia que não iria dar em nada pelo fato dele ser uma pessoa que veste a farda, que representa a sociedade. Ele defende a sociedade, não é isso que a gente pensa? Ele me fez acredita que não vai dar em nada, como uma vez já dei queixa dele e não chegou intimação na porta”.

A coragem para denunciar veio do apoio de familiares e vizinhos. “Eu fiquei sem querer ir para a Delegacia, ai o pessoal ‘vai, vai’, e eu acabei indo. Eu só sei que só aceitei ir para a Delegacia com a polícia me escoltando porque eu estava morrendo de medo, e estou com medo ainda porque só quem sabe o que se passou durante 16 anos foi eu que sofri na mão dele.

Um Boletim de Ocorrência foi feito no sábado, momento em que a vítima tirou fotos que servirão de prova e conversou com a Delegada Dr. Ana Beatriz, responsável pelo DEAM em Santo Antônio de Jesus.

“Hoje eu estou me sentindo um lixo. Eu não consigo comer. Só de falar o nome dele eu me sinto mal, começo a suar frio e fico ansiosa. Estou me sentindo um ninguém. As pessoas tentam me consolar falando que meu cabelo vai crescer, mas nada me convence porque eu sei o que passei, e tive medo de denunciar, e eu digo as mulheres que sofrem siso como eu que não se calem porque vocês vão viver isso o resto da vida de vocês porque se vocês deixam eles levantarem o tom de voz para você pela primeira vez como eu fiz você vai apanhar o resto da vida, e se você não tomar uma decisão vai ser morta e você vai ser mais uma – vítima – de feminicídio que morreu e não vai dar em nada”, alertou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *