‘Meu Deus, o que eu fiz?’, diz homem que removeu genitais por acreditar ser trans.
Um homem que alega ter sido pressionado a fazer uma cirurgia para remover seus genitais e, agora, sofre com os danos irreparáveis do procedimento para torná-lo completamente trans, está processando a clínica onde procurou ajuda por disforia de gênero.
O caso foi revelado por ele em uma entrevista onde ele mesmo contou que a vaginoplastia a que foi submetido sob orientação da clínica de gênero do serviço de saúde pública é o “maior erro de sua vida”.
Ritchie Herron, um britânico que buscou ajuda no serviço público de saúde da Inglaterra, o NHS (equivalente ao SUS no Brasil), contou em entrevista que está sofrendo com complicações fisiológicas dolorosas, incluindo dormência, incontinência e infertilidade.
A situação angustiante se tornou conhecida do público no início deste mês, quando ele compartilhou sua história no Twitter sob o pseudônimo de TullipR. Na ocasião, ele compartilhou a infinidade de desafios que agora enfrenta em sua vida diária após a cirurgia de castração.
O portal The Christian Post entrevistou Herron por e-mail, e colheu o depoimento de arrependimento, apesar da “onda de apoio e empatia, muita compaixão” recebida após sua publicação no Twitter.”Eu estava me preparando para ser julgado duramente pelas massas, e ainda assim isso não aconteceu. Fui recebido com bondade, apoio, desejos de melhoras e empatia. Muitos indivíduos gentis me desejaram o bem e [disseram que estão] orando por mim mesmo, o que foi tocante e humilhante”, afirmou.
“Eu também fui julgado, às vezes pelas lentes do medo, outras vezes por mal-entendidos e outras por raiva. Mas para mim, são apenas palavras em uma tela”, ponderou.
Complicações
No desabafo compartilhado no Twitter, Herron afirmou que agora ele leva 10 minutos para urinar, sua virilha está completamente dormente e a cirurgia não aliviou seu sofrimento mental como ele foi levado a acreditar que faria.
Herron contou ao Daily Mail que achava que estava passando por uma cirurgia permanente e que os médicos do NHS não levaram em consideração sua piora na saúde mental.
Ele começou a referir a si mesmo pelo nome feminino “Abby” enquanto se identificava como transgênero, mas havia recusado repetidamente sugestões de que ele se submetesse a uma cirurgia de gênero e comunicou suas preocupações à equipe da clínica.
Após anos rejeitando a cirurgia de mutilação dos genitais, chamada de vaginoplastia pelo NHS, ele sofreu pressão dos funcionários da clínica. Em 2015 e 2017 ele negou se submeter à “mudança de sexo”, mas na última, foi informado que ele seria dispensado do acompanhamento clínico por rejeitar o procedimento.
Isso o levou a acreditar que não teria mais o acompanhamento terapêutico, que era algo valioso para ele. Em maio de 2018, ele finalmente foi submetido à operação que envolveu a remoção de ambos os testículos e seu pênis. O cirurgião então pegou o tecido e a pele restantes para criar cirurgicamente a genitália feminina.
Herron disse que na época lhe ocorreu o seguinte pensamento: “Estou aqui agora, não há como parar, mesmo que eu quisesse”. Após a cirurgia, Herron se sentiu profundamente arrependido, com seu primeiro pensamento após despertar dos sedativos sendo “Oh Deus, o que eu fiz?”.
Justiça
O homem, castrado, agora está se preparando para ir à Justiça contra o NHS. Seu advogado afirmou que Herron vive “uma vida inteira de cuidados médicos e consequências” e ele “não pode ser recuperado novamente”.
O próprio trans arrependido lamentou que seus médicos “não conseguiram identificar bandeiras vermelhas e mudar de direção”, referindo-se à insegurança dele com o procedimento de mutilação.
“A devida consideração precisa ser dada a questões como TOC, homofobia internalizada, depressão, uso de drogas, abuso sexual e traumas na infância como razões potenciais para os pacientes rejeitarem seu corpo sexuado”, declarou.
Ele acredita que mais ações judiciais serão movidas em alguns anos, talvez por pessoas que se inspiraram em sua reivindicação.
Em outra entrevista, concedida a Kallie Fell no podcast Venus Rising, Herron disse que há uma espécie de histeria coletiva com questões associadas à ideologia de gênero, e que ele aconselha às pessoas sofrendo com essas dúvidas que saiam das redes sociais, vivam um pouco em contato com a natureza, e tentem conter suas obsessões:
“Quando você fica obcecado com seu gênero, você é trans, você não é trans, isso é uma obsessão. E a parte importante de se desconectar da internet é parar de sentir isso e lembrá-lo do que é real. Porque quando você percebe o que é real no mundo, você percebe o que é real dentro de você e como você se sente”, disse ele.