Mulher sobe ao palco durante discurso de Lula e pede ajuda à comunidade quilombola: “nosso povo está morrendo”
Em Salvador para o lançamento da Lei Paulo Gustavo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi às lágrimas.
Em Salvador para o lançamento da Lei Paulo Gustavo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi às lágrimas, nesta quinta-feira (11/5), quando uma mulher subiu ao palco, ajoelhou-se diante dele e disse que seu povo “está morrendo”.
Liderança do Quilombo Rio dos Macacos, a mulher foi, inicialmente, impedida de subir ao palco, ao que o presidente pediu para que a levassem até ele. Lá, ela entregou um suposto documento a Lula. “A mulher está morrendo, Lula. Nosso povo está morrendo. Lula, pelo amor de Deus”, disse.
Confira abaixo, na imagem da TV Brasil:
Tocador de vídeo
O presidente a abraçou e escreveu algo no papel. Em vídeo postado no perfil do quilombo no Instagram, é explicado que Lula assinou um documento “contendo toda a situação atual” da comunidade, que “não possui nenhum tipo de política pública”, conforme a legenda da publicação.
Depois, a liderança quilombola foi levada pela primeira-dama, Janja, para fora do palco, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), e o petista retomou o discurso, mas chorou e precisou beber água. “Essa mulher representa um pouco daquilo que passa o povo brasileiro. Esse país tinha dado um salto de qualidade, tinha se transformado num país mais alegre do que hoje, mais otimista. Tinha gerado, em 13 anos, 22 milhões de empregos com carteira assinada […], mas me parece que o destino nos jogou uma praga de gafanhoto. Em apenas quatro anos destruíram tudo que fizemos. O país gerou mulheres como essa, desesperada. 30 milhões voltaram a passar fome; outros milhões exigem proteínas suficientes. Voltei para gente fazer mais e melhor”, comentou.
Ao falar sobre cultura, afirmou que é preciso ter compromisso com o povo e que por isso ele estava ali. “Esse governo permite que vocês sejam contra, não concordem, isso é democracia”, continuou. “Os ignorantes desse país precisam aprender que cultura não é gasto, pornografia ou coisa menor. Cultura é o jeito da gente falar, comer, dançar, andar, cantar, pintar, fazer aquilo que a gente sabe fazer; cultura significa emprego, milhões de oportunidades para gente que precisa comer. Portanto, os ignorantes, fiquem sabendo: a cultura voltou nas mãos de uma mulher negra na Bahia para fazer a revolução necessária”, completou o presidente.
Lei Paulo Gustavo
O Decreto de Regulamentação da Lei Paulo Gustavo foi lançado nesta quinta, pelo presidente Lula, em Salvador. A medida tem como objetivo fomentar a cultura e oferecer medidas emergenciais ao setor, que foi afetado pela pandemia de Covid-19 e ainda sofre com os efeitos. O Governador Jerônimo Rodrigues acompanhou o evento ao lado da ministra da Cultura Margareth Menezes e do secretário de Cultura Bahia, Bruno Monteiro.
A Lei Paulo Gustavo, oficializada como Lei Complementar nº 195, em julho de 2022, prevê o repasse de R$ 3,8 bilhões pelo Governo Federal para estados, municípios e Distrito Federal. Deste valor, R$ 2,8 bilhões serão destinados ao setor audiovisual, enquanto R$ 1 bilhão será direcionado para outras atividades culturais. A Bahia será contemplada com R$ 286 milhões.
“Vamos fortalecer a cultura em cada canto da Bahia, de braços dados com o Governo Federal. A Cultura voltou”, garantiu Jerônimo. O presidente, por sua vez, destacou os incentivos que a Lei Paulo Gustavo trará para a cultura em todo o país. “Essa lei é um marco importante para a cultura brasileira. Ela possibilitará investimentos significativos no setor audiovisual e em outras manifestações culturais, contribuindo para a retomada e fortalecimento da nossa identidade cultural”, ressaltou.
Os recursos serão repassados aos estados, municípios e Distrito Federal por meio da Plataforma TransfereGov e cada proposta de investimento será analisada pelo Ministério da Cultura. Para Margareth Menezes a lei trará “um impulso fundamental para a cultura brasileira, garantindo a realização de projetos culturais e apoiando os trabalhadores da cultura que foram impactados pela pandemia”.