Baiano pode se tornar primeira pessoa negra na cúpula do Banco Central; comissão do Senado já aprovou indicação.
Baiano foi indicado pelo presidente Lula para assumir o cargo de Diretor de Fiscalização.
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, nesta terça-feira (4/7), a indicação do baiano Ailton de Aquino Santos para o cargo de Diretor de Fiscalização do Banco Central. Além dele, o nome de Gabriel Galípolo como Diretor de Política Monetária também foi aprovado.
Aquino foi aprovado por 24 votos a 1 e Galípolo por 23 a 2. Agora, os nomes deles seguem para votação no plenário do Senado, ao qual cabe a palavra final sobre as indicações. Se assumir o posto, o baiano será a primeira pessoa negra a integrar a cúpula do Banco Central.
Os dois foram indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fiscalização
Ao ser sabatinado, Ailton Santos citou o desafio de supervisionar as mais de 1.500 instituições financeiras do país e disse que manter a qualidade do trabalho exige recursos materiais, mas principalmente recursos humanos, ou seja, servidores altamente capacitados. Segundo Santos, que é funcionário de carreira do banco, a área de fiscalização do BC vem sofrendo um processo de encolhimento nos últimos 10 anos:
“Nesse período, o número de instituições aumentou em 15%, os ativos do sistema financeiro aumentaram 255 em termos reais, os produtos financeiros ficaram significativamente mais complexos e novas atribuições foram delegadas ao Banco Central. Não houve aumento do quadro de servidores. Pelo contrário, há 10 anos, tínhamos na área de supervisão 1.100 servidores, hoje [o número] não chega a 650. Quase um terço destes podem se aposentar ou estão aptos a se aposentar no próximo ano. A média de idade da área de supervisão gira em torno de 50 anos, padrão no restante do Banco Central”.
Santos ressaltou que, ao mesmo tempo, estão sendo enfrentadas graves assimetrias entre a remuneração dos servidores do BC e os demais cargos da administração pública similares aos da instituição. “Enfraquece a casa”, enfatizou.
Ele citou ainda as recentes crises bancárias nos Estados Unidos, com o Silicon Valley Bank e o Signature Bank, e na Europa, com o banco suíço Credit Suisse, para defender um papel de liderança do BC na supervisão do sistema financeiro internacional.
“O Brasil, nesse campo, tem plenas condições de manter-se como liderança, inclusive com participação efetiva nos processos de regulação e supervisão dos mercados financeiros globais, cada vez mais complexos e integrados e interdependentes”, acrescentou.
Apesar deste cenário externo, Santos destacou que as medidas adotadas pelo governo têm gerado um ambiente positivo, que já aparece nas projeções do mercado financeiro, como as do boletim Focus.
Na segunda-feira (3/7), o mercado financeiro aumentou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) para este ano pela oitava vez. Segundo projeção do Boletim Focus, o país crescerá 2,19% em 2023. Há uma semana, a previsão era de crescimento de 2,18%. Para o próximo ano, também houve aumento na previsão do PIB para 1,28%, ante os 1,22% da semana passada.
Para a inflação, o boletim manteve a tendência de recuo pela sétima semana consecutiva. De acordo com o boletim, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá fechar o ano em 4,98%. Há uma semana, a projeção do mercado era de que a inflação ficasse em 5,06%%. em 2023. Há quatro semanas, a previsão era de 5,69%.
“Esses movimentos demonstram o grau de confiança dos agentes econômicos e da população na gestão econômica do atual governo. Estou confiante que estamos entrando no círculo virtuoso e que o Banco Central contribuirá na consolidação de um cenário mais alvissareiro na economia e na sociedade como um todo”, afirmou.
Foto: © Lula Marques/ Agência Brasil
*Com informações da Agência Brasil