Professores têm cortes de mais de R$ 800 por dias não trabalhados durante paralisação.
Contracheques foram emitidos na noite desta terça (29); movimento durou oito dias.
Professores da rede estadual de educação denunciam descontos de mais de R$ 800 nos salários do mês de agosto, devido aos dias não trabalhados durante a paralisação pelo pagamento dos juros de mora dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e da Valorização do Magistério (Fundef). Os docentes paralisaram as atividades por oito dias – de 17 a 24 de agosto.
Para os professores, o ofício emitido pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC-BA) no dia 16 de agosto, determinando que as ausências dos docentes fossem registradas durante os dias de paralisação, significou um aceno aos cortes.
Segundo um professor com 24 anos de magistério, que aderiu a paralisação e preferiu não se identificar, consta um desconto de R$ 822,84 no contracheque dele do mês de agosto, descrito como “Faltas Greve”. O documento foi liberado na noite desta terça-feira (29), com três dias de atraso, se comparado a emissão de praxe, que costuma acontecer entre os dias 25 e 26 de cada mês.
Outro professor denunciou ao CORREIO ter sofrido um desconto de R$ 337,68. Ainda de acordo com o docente, que sofreu a perda mais expressiva, o sistema RH Bahia, responsável pela emissão das folhas de pagamento, chegou a sair do ar por causa da quantidade de pessoas tentando emitir o documento ao mesmo tempo.
Diante da notícia negativa, a preocupação agora é como pagar as contas. “Eu vou ter que escolher quais contas pagar. Mesmo que depois o governo restitua esse valor, por conta dos 200 dias letivos, a conta que eu deixei de pagar terá juros e eu não vou receber esse valor [descontado por causa da paralisação] com juros”, lamenta o professor que deixou de receber R$822,84.
Apesar de alguns professores não terem aceitado falar por medo de uma ação pior do Governo estadual, o docente ouvido pelo CORREIO afirma que o clima nos grupos de mensagens é de revolta. Além de não concordarem com os cortes, os profissionais da educação não têm noção de qual o critério adotado para definir o valor descontado de cada um deles.
Outro ponto destacado pela categoria é que as aulas são sempre repostas para garantir o cumprimento dos 200 dias letivos. Sendo assim, não haveria razão para os cortes. Os professores esperam um posicionamento do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Ba) para contestar os descontos.
A reportagem entrou em contato com a APLB-Ba para saber qual o posicionamento do sindicato, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno. A Secretaria Estadual de Educação (SEC) também foi procurada para saber quais são os critérios adotados para os cortes de cada professor, mas não retornou. (Correio)
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