Com a força dos pugilistas baianos, Brasil tenta quebrar hegemonia cubana no boxe dos Jogos Pan-Americanos.

Mesmo em ascensão, boxe brasileiro tem resultado tímido em comparação a cubanos e norte-americanos.

Dentro dos Jogos Pan-Americanos, o Brasil vem se tornando uma potência continental com grande destaque na maioria dos esportes disputados. Entretanto, o país tenta quebrar uma hegemonia indigesta e dominar uma das modalidades mais tradicionais do evento: o boxe.

Hegemonia argentina e norte-americana nas primeiras edições

Introduzido desde os Jogos de Buenos Aires 1951, a modalidade era inicialmente apenas masculina e passou por momentos distintos de hegemonia durante os anos.

Na primeira edição, as medalhas de ouro foram argentinas em todas as categorias disputadas (peso mosca, galo, pena, leve, meio-médio, médio, meio-pesado e pesado), com BrasilChile e Venezuela faturando a prata e chilenos, mexicanos e norte-americanos ficando com o bronze. Nos anos seguintes, os estadunidenses passaram a ter mais domínio nas categorias, com o Brasil faturando ouro com Luiz Inácio no peso meio-pesado (Cidade do México 1955), Abrão de Souza no peso médio e Waldo Claudiano no peso galo, ambos em Chicago 1959.

Em 1963, o boxe brasileiro teve sua melhor atuação em Pan-Americanos. Disputado em São Paulo, os anfitriões venceram no Peso Pena com Rosemiro Mateus, no peso médio-ligeiro com Elecio Neves e no peso médio com Luis César

Jejum brasileiro e hegemonia cubana

Nos anos seguintes, uma nova potência ascendeu na disputa do esporte: Cuba. Com as mudanças ocorridas no país caribenho, o investimento no esporte fez diferença e deu à pequena ilha uma coleção de medalhas nos Jogos Pan-Americanos.

Em contrapartida, o Brasil passou por um indigesto jejum que perdurou por décadas no boxe continental. Até a edição do Rio de Janeiro 2007, foram conquistadas pratas e bronzes, sem nenhuma medalha dourada durante este período:

  • Winnipeg 1967 (uma prata)
  • Cali 1971 (uma prata e um bronze) 
  • Cidade do México 1975 (uma prata e dois bronzes)
  • San Juan 1979 (uma prata e um bronze)
  • Caracas 1983 (dois bronzes)
  • Indianápolis 1987 (três bronzes)
  • Havana 1991 (quatro bronzes)
  • Mar del Plata 1995 (uma prata)
  • Winnipeg 1999 (duas pratas, dois bronzes)
  • Santo Domingo 2003 (dois bronzes)

Retorno ao ouro e destaque no feminino

No Rio de Janeiro 2007, o jejum foi quebrado com o baiano Pedro Lima chegando ao ouro pela categoria meio-médio após derrotar o americano Demetrius Andrade. Esse ano também deu ao país seu maior número de medalhas na modalidade: além da vitória de Pedro, foram mais uma prata e seis bronzes no total.

Em Guadalajara 2011, foi introduzida a modalidade feminina com três categorias e um bronze brasileiro, que se juntou a duas pratas e mais quatro bronzes do masculino. Em Toronto 2015, o país ficou apenas com dois bronzes no masculino e nenhuma medalha entre as mulheres. Já em Lima 2019, Bia Ferreira fez história ao ser a primeira brasileira a conquistar um ouro feminino no Pan-Americano

Bahia é potência e esperança de medalhas para o Brasil

O pugilismo baiano é um grande destaque do Brasil nas últimas edições dos Jogos Pan-Americanos. Na atual edição, o estado será representado por seis dos treze atletas convocados para representar o país nos Jogos de  Santiago 2023. No feminino com Tatiana Chagas (54kg)Beatriz Ferreira (60kg)Bárbara Santos (66kg) e Viviane Pereira (75kg). Já no masculino com Keno Marley (92kg) e Wanderley Pereira (80kg).

A Bahia tem um bom histórico nas últimas edições do Pan-Americano, conseguindo uma medalha para o boxe brasileiro em uma sequência que vem desde 2003 até 2019. Mas antes dela, o estado gravou seu nome na competição com um jovem que se tornaria uma lenda no esporte profissional: em 1995, Acelino “Popó” Freitas faturou a prata em Mar del Plata e influenciou toda uma geração que veio depois. Confira a sequência de medalhas que os pugilistas baianos trouxeram para o país nas últimas três décadas:

  • Mar del Plata 1995 = Acelino Freitas (Prata no Peso Leve)
  • Santo Domingo 2003 = Marcos Costa (Bronze no Peso Meio-médio-ligeiro)
  • Rio de Janeiro 2007 = Pedro Lima (Ouro no Peso Meio-médio), Everton Lopes (Prata no Peso Leve) e Rogério Minotouro (Bronze no Peso Superpesado)
  • Guadalajara 2011 = Robson Conceição (Prata no Peso Leve)
  • Toronto 2015 = Joedison “Chocolate” Teixeira (Bronze no Peso Meio-médio-ligeiro)
  • Lima 2019 = Bia Ferreira (Ouro no Peso Leve), Hebert Conceição (Prata no Peso Médio), Keno Marley (Prata no Peso Meio-pesado)

Histórico de medalhas e o Boxe em Santiago 2023

Na classificação histórica do Boxe nos Jogos Pan-AmericanosCuba tem um amplo domínio com 126 medalhas, sendo 90 de ouro, 20 de prata e 16 de bronze. Já os EUA vem em segundo lugar com 107 medalhas (33 ouros, 32 pratas e 42 bronzes), seguido pela Argentina com 64 (21 ouros, 15 de prata e 28 de bronze) e México com 57 (8 de ouro, 13 de prata e 36 de bronze).

Brasil figura na quinta posição com 61 medalhas, só que com um ouro a menos que os mexicanos. No total, o país conquistou o primeiro lugar sete vezes, com 19 pratas e 35 bronzes.

As partidas de Boxe dos Jogos de Santiago 2023 serão realizadas no Centro Esportivo Comunitário de La Reina entre os dias 21 e 28 de outubro. 

Nesta edição do Pan, a modalidade contará com as mesmas 13 categorias que serão disputadas nos Jogos Olímpicos, sendo sete masculinas e seis femininas. Além disso, o torneio servirá  como Pré-olímpico, dando vaga para a disputa de Paris 2024. O Brasil terá um representante em cada uma delas.

Foto: Jonne Roriz/COB

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