Pela 1ª vez brasileiros que estavam na Cisjordânia são resgatados.
Dos 32 passageiros, 30 são brasileiros e, ainda, há um palestino e uma jordaniana, casados com brasileiros.
A aeronave VC-2 (Embraer 190), cedida pela Presidência da República, que pousou na manhã desta quinta-feira (2/11) na Base Aérea de Brasília, foi a nona que regressou ao Brasil pela Operação Voltando em Paz, do governo federal, desde o início das hostilidades no Oriente Médio. Mas, foi a pioneira a trazer cidadãos brasileiros resgatados do território palestino da Cisjordânia. Os outros oito voos anteriores da Força Aérea Brasileira (FAB), repatriaram brasileiros que estavam em Israel. As informações são da Agência Brasil.
Neste último voo da missão brasileira, os passageiros transportados partiram, na quarta-feira (1), de Aman, na Jordânia, país vizinho a Israel, após negociações diplomáticas realizadas pelo Ministério das Relações Exteriores.
Dos 32 passageiros, 30 são brasileiros e, ainda, há um palestino e uma jordaniana, casados com brasileiros. Deste total de transportados, 12 são homens; 9 são mulheres e 11 são crianças. Entre os adultos, seis são idosos, dois deles cadeirantes, que receberam ajuda para descer da aeronave. Na chegada, o grupo acenou com bandeiras do Brasil e da Palestina.
Apenas uma passageira permaneceu em Brasília. As demais famílias repatriadas terão outros destinos finais. Das seis pessoas que desembarcaram na escala feita no Recife (PE), às 5h35 da manhã, três pessoas ficaram na capital pernambucana e três seguiram para Fortaleza, no Ceará.
A partir da capital federal, oito pessoas viajarão para Foz do Iguaçu; cinco irão a São Paulo; quatro, a Florianópolis; três, Rio de Janeiro; dois, em Curitiba; dois, em Goiânia; e um para Porto Alegre.
ASSISTÊNCIA MÉDICA
Antes do pouso, o tenente-coronel Garcez, da FAB, informou sobre a situação de vulnerabilidade emocional de alguns passageiros vindos da Cisjordânia, pelo fato da região também ter sofrido com ataques militares e restrições. “Então, é uma condição até um pouco diferente do pessoal que veio de Tel Aviv [Israel]. E não tão crítica como a situação do pessoal que está em Gaza”, descreve.
Por isso, durante o voo, os passageiros vindos da Jordânia, tiveram assistência médica e psicológica de profissionais da FAB. A bordo, foram realizadas 13 consultas entre médicas e psicológicas, devido à existência de pessoas com comorbidades (doenças) prévias, que requeriam cuidados especiais.
Do ponto de vista psicológico, o atendimento junto a alguns passageiros resgatados que necessitavam de assistência, foi feito para aliviar a ansiedade, a dar perspectivas que não os lembrassem o conflito da região. Para desvincular os passageiros do ambiente da guerra, a aeronave ainda promoveu espaços lúdicos para as crianças desenharem com brinquedos e blocos de montar.
O capitão médico da Força Aérea Brasileira, Gustavo Messias Costa, que fez parte da tripulação descreveu a prestação da assistência com foco no bem-estar e saúde mental de passageiros e tripulantes. “Foi fundamental também a equipe contar com a presença de uma psicóloga a bordo. Esse trabalho multidisciplinar foi fundamental durante essa missão”.
O capitão médico ficou emocionado ao relatar que se sente honrado por cumprir os juramentos feitos quando se tornou médico e quando entrou nas forças armadas. “ Para mim, não tem preço. Não vai ter qualquer coisa material no mundo que me traga essa sensação de ver uma criança sorrindo, um idoso chegando e falar que essa terra é maravilhosa para ele, que aqui a gente tem paz, que aqui a gente tem condições de viver com futuro”, revelou Gustavo Costa.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil