Diretor do Sindicato dos Rodoviários pede centro psicológico para a categoria após cobrador sequestrar ônibus.

Segundo Daniel Mota, Wilson Martins não se sentia pronto para voltar ao trabalho.

O diretor de comunicação do Sindicato dos Rodoviários de Salvador, Daniel Mota, cobrou um centro psicológico para a categoria, nesta quarta-feira (10/1), em entrevista ele comentava o caso do cobrador de ônibus Wilson Martins, de 34 anos, que sequestrou um ônibus, na manhã de hoje, dirigiu sozinho até o viaduto Raul Seixas, próximo ao Shopping da Bahia, e subiu no veículo.

“Fazemos um apelo à sociedade. Rodoviário é uma das profissões mais penalizadas. É pressão psicológica, trânsito, violência urbana, festas de largo… Vivemos uma situação muito dificil e está na mesa do prefeito pra aprovar o centro psicológico que vai minorar as dificuldades da categoria”, disse, na oportunidade.

De acordo com Daniel Mota, Wilson estava em seu primeiro dia de trabalho após liberação, pelo INSS, que o declarou apto a retornar para as atividades. “Ele estava afastado há cinco meses. A gente percebe que ele vive um momento atípico… É o tal do ‘limbo’”, afirmou.

O sindicalista explicou esse “limbo” da seguinte forma: “A pessoa fica no INSS um período, manda para empresa, apto, a às vezes a gente não recebe nem a grana do INSS. Sem dinheiro pra pagar as contas, o aluguel, tem os filhos, enfim… Wilson deve ter tido esse ‘pico’ de surto”.

Ainda de acordo com Daniel, que esteve no hospital onde o cobrador está em observação, Martins também é pedagogo e pai de cinco filhos. “A família dele estava reunida [na unidade de saúde]. É um companheiro antigo nosso, cobrador experiente”, afirmou, acrescentando que o trabalhador está medicado. “Estamos acompanhando de perto”.

A repórter Lara Linhares, então, perguntou se procedia a informação do Corpo de Bombeiros, de que Wilson teria feito um “manifesto” por não estar pronto para voltar ao trabalho, ao que Mota respondeu:

“Wilson é um cara inteligente, é pedagogo, um cara família… são vidas humanas que a gente leva ali. São mais de 1.700 ônibus circulando nessa cidade, todos certinhos, e no dia que um ‘destrambelha’, todo mundo vê. Foi um grito de socorro por quem não pode dar esse grito”.

Para o representante do sindicato, é preciso cuidar da própria vida antes de cuidar das de outras pessoas.

PESQUISA

Uma pesquisa recente indicou que 7% dos rodoviários sofre com algum problema referente à saúde mental, mas Daniel Mota acredita que esse número é maior. “Acredito que tem mais. A gente faz essa estimativa porque esses dados ficam as empresas de ônibus”, destacou.

Para melhorar esse quadro, ele diz que o mais importante é o respeito à categoria. “A gente transporta vidas humanas e às vezes falta isso, seja de um gerente da empresa, de um preposto da Semob [Secretaria Municipal de Mobilidade], dos passageiros… O rodoviário quer ser ouvido”, concluiu.

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