Crise entre Brasil e EUA se intensifica com ameaças de Trump e tarifa de 50% sobre exportações.
Julgamento de Bolsonaro e críticas a Alexandre de Moraes provocam reação do ex-presidente americano; Lula deve assinar decreto da Lei de Reciprocidade Econômica.
A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (14), com novas ameaças do governo de Donald Trump ao país sul-americano. As intimidações estão relacionadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Desta vez, o alvo também foi o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. A mensagem, divulgada nas redes sociais do subsecretário governamental Darren Beattie, afirma: “O presidente Trump enviou uma carta impondo consequências há muito esperadas ao Supremo Tribunal de [Alexandre de] Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio com os EUA”.
A declaração ocorre no mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve apresentar as alegações finais no processo contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Este é o prazo final estabelecido para que o órgão se manifeste antes do julgamento definitivo no STF.
Ainda nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá assinar o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade Econômica, em resposta à imposição de uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos — medida que deve entrar em vigor a partir de 1º de agosto.
Tarifa e repercussões
O governo Trump justificou a nova tarifa como uma retaliação ao suposto tratamento “vergonhoso” dispensado ao ex-presidente Bolsonaro pelo sistema de justiça brasileiro. Em sua declaração, Trump também criticou o que considera “graves injustiças” nas relações comerciais entre os dois países.
“A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional”, afirmou o republicano. Segundo ele, o comércio entre os dois países é “desequilibrado” e “longe de ser recíproco”.
Trump ainda acrescentou que os 50% de tarifa são “muito menos do que seria necessário” para corrigir os desequilíbrios atuais. A medida, caso mantida, pode gerar impacto direto sobre setores estratégicos da economia brasileira, especialmente nas exportações de produtos agropecuários, minérios e industrializados — com reflexos importantes para estados como a Bahia.
A escalada das tensões ocorre em um momento de acirramento político internacional, com o nome de Trump em evidência diante das eleições presidenciais norte-americanas e o julgamento de Bolsonaro avançando no Brasil.
Foto: Jim Watson | AFP | Ricardo Stuckert | PR