Polêmica em batizado no Rio: padre evita dizer nome de criança e causa revolta na família.
Religioso teria se recusado a pronunciar “Yaminah” por considerar ligação com culto; Igreja Católica recomenda cautela, mas não impede batismo por nome escolhido.
Um batizado realizado em uma igreja católica do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, gerou polêmica após o padre responsável pela cerimônia se recusar a pronunciar o nome da criança. A menina, chamada Yaminah, foi batizada apenas como “a criança” ou “a filha de vocês”, segundo relatam familiares.
O episódio foi registrado em vídeo por uma tia, que mostra o momento em que parentes pedem ao religioso que cite o nome da menina. Mesmo diante da insistência, ele evitou a pronúncia.
De acordo com a mãe, Marcelle Turan, a resistência do padre começou antes da celebração. “Ele chamou a minha sogra e disse que não falaria o nome da nossa filha porque não era cristão. Depois, na sacristia, afirmou que estava ligado a um culto religioso e que, por isso, não falaria. Ele sugeriu usar Maria antes, mas não aceitamos”, contou.
Durante o momento central do sacramento, quando tradicionalmente o sacerdote diz “eu te batizo, [nome]”, a família afirma que o nome da criança não foi mencionado.
Marcelle e o pai, David Fernandes, destacam que a escolha foi feita com significado especial. “Queríamos algo forte, com significado importante. Yaminah significa justiça, prosperidade, direção. É um nome muito bonito, não havia necessidade disso acontecer”, disse a mãe.
O Código de Direito Canônico da Igreja Católica orienta que os pais evitem nomes “alheios ao sentido cristão”. No entanto, especialistas em direito religioso afirmam que essa recomendação não pode ser usada como impeditivo para a realização do batismo.
A Arquidiocese do Rio disse em nota que o sacramento foi realizado corretamente e que o nome da criança não é citado em todos os momentos da celebração, apenas em pontos específicos da liturgia. O texto afirma ainda que padres podem oferecer orientações pastorais sobre nomes, mas que essas sugestões são apenas aconselhativas.
A família registrou ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, classificando o caso como preconceito por raça, cor ou religião.
Foto: Reprodução