Copa 2023: Após anos como figurante na Europa, Portugal evolui e chega a sua primeira Copa do Mundo.

Depois de anos amargando resultados ruins, Seleção das Quinas faz campanha histórica e segue com vontade para surpreender.

Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.

A história das seleções de futebol feminino da Copa do Mundo 2023 quase sempre seguem o mesmo roteiro: São formadas décadas depois dos primeiros registros históricos da prática do esporte naquele país, tem dificuldades de apoio e reconhecimento dentro de suas federações e depois de muito talento e perseverança de suas atletas, conseguem ter um apoio para o desenvolvimento (muitas vezes tímido ou de benfeitores abenegados) para enfim conquistar uma vaga no maior torneio da modalidade.  Este é o caso que se aplica a Portugal, que dentre quase 40 anos de existência, tem visto nos último cinco uma verdadeira revolução que culminou na emocionante chegada ao Mundial.

Vencendo preconceitos desde a origem

Relatos da prática do esporte por mulheres nas terras lusitanas vem do início do Século XX, com a primeira partida entre equipes datada de 1935. Nos anos posteriores, ligas distritais com a prática feminina existiram em algumas regiões do país.

Em relação a equipe nacional, o primeiro registro oficial ocorre em 1981, quando a Federalao Portuguesa de Futebol (FPF) reunindo 16 jogadoras para um amistoso com a seleção francesa.

“Foi uma iniciativa da Federação Portuguesa de Futebol.  Na altura, a FPF recebeu um convite da Federação francesa para realizar um jogo amigável de preparação para o campeonato europeu e aceitou… Na altura, e para surpresa de muitos, a França era já uma equipa forte no panorama europeu e nós acabámos por conseguir um resultado surpreendente (0x0)”, afirma Alfredina Silva, uma das atletas que esteve no confronto, em entrevista ao site Zerozero.pt

o primeiro jogo da selecao feminina foi ha 40 anos so quando

Um ano depois, em 1982, o selecionado lusitano participou das eliminatórias da primeira Euro, de 1984, sem conseguir um triunfo em seis partidas. Foram derrotas para Suiça, Itália e França nos jogos de ida, para depois empatar com suíças e francesas, perdendo novamente para as italianas no returno.

Apesar da FPF criar o primeiro campeonato nacional feminino em 1984, a própria federação freou as iniciativas relacionadas a sua seleção de mulheres ao não inscrever Portugal para as quatro eliminatórias seguintes, criando um hiato de oito anos em competições continentais e mundiais.

O retorno das lusitanas se dá na qualificiação a Euro de 1995,  com Portugal integrando uma chave com França, Itália e Escócia. O país até consegue três vitórias no grupo, mas termina na penultima posição e sem chances de classificação.

Dois anos depois, para Euro 1997, Portugal segue na elite das seleções do continente e por conta disso chega até a primeira fase de mata-mata das eliminatórias. Porém, é goleado pela Dinamarca por 7 a 1 e 5 a 0. Para a Copa de 99, segue no grupo melhor posicionado de equipes nacionais, mas sem sucesso na briga.

Nos torneios do início do Século XXI, Portugal figura quase sempre nas lanternas das eliminatórias de Euro e Copa do Mundo, acumulando muitas goleadas para equipes melhor qualificadas. Em 2004, sofre um 11×0 para a Alemanha, campeã do mundo um ano antes.

Nova década e revolução no futebol

Com a chegada de uma nova década, a seleção portuguesa teve uma pequena melhora em suas campanhas, conseguindo agora sair da parte de baixo para o meio da tabela nas qualificatórias continentais e mundiais.

E grande parte disso é atribuido a mudanças fora de campo que ajudaram a garimpar e valorizar as atletas locais. Em 2011, a Federação passou a intensificar um aumento de atletas federadas e duplicou este número. Além disso, o sindicato de atletas apresentou uma proposta de equiparação de salários e profissionalização, fatos que se somam a valorização do campeonato nacional de clubes em 2016.

Nas qualificatórias para a Eurocopa 2017, Portugal ficou em segundo lugar em uma chave com Espanha, Finlândia, Irlanda e Montenegro, ganhando assim a chance de disputar a repescagem para o torneio. Ao enfrentar a Romênia, A Seleção das Quinas arrancou dois empates que lhe deram acesso ao torneio pela primeira vez na sua história.

Pelo campeonato, a equipe ficou em um embolado grupo contra a mesma Espanha, Escócia e Inglaterra. No final, amargou a lanterna por conta do critério desempate com espanholas e escocesas, já que a Inglaterra liderou a chave vencendo todos os jogos.

Quatro anos depois, na Euro 2022, um novo segundo lugar na qualificatória deu outra entrada na repescagem, que acabou vencida pela Rússia nos confrontos de mata-mata. Entretanto, o banimento da equipe colocou novamente Portugal no torneio, o que deu mais experiência a equipe apesar de sair com apenas um ponto e a lanterna da chave.

Marca recorde e vaga na Copa

A chegada as duas euros são resultados expressivos que mostram a mudança de patamar de Portugal no futebol europeu. Porém, a melhor performance da equipe ainda estaria por vir: Pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2023, as Quinas não queriam repetir o fiasco da luta por vaga em 2019 e foram com tudo para a classificação.

Não foram líderes pois tinham uma potência mundial, a Alemanha, como adversária direta. Mas com apenas duas derrotas e um empate em dez jogos, as portuguesas superaram Sérvia, Turquia, Israel e Bulgária para chegar a repescagem regional. Nela, superaram Bélgica e Islândia e se classificaram a repescagem mundial. Lá, derrotaram Camarões por 2 a 1 e se garantiram pela primeira vez ao Mundial de futebol feminino.

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Portugal na Copa do Mundo 2023

No Mundial, Portugal estreia no Grupo E com um adversário de peso no cenário europeu: A Holanda dia 23/7 em Dunedin, Nova Zelândia. Já no dia 27 enfrenta o Vietnã em Hamilton e encerra a primeira fase contra os Estados Unidos no dia 1/8 em Auckland.

Para o torneio, a equipe traz uma marca de apenas uma derrota na atual temporada e quer repetir com as grandes equipes da chave a atuação que teve contra a Inglaterra em seu último amistoso. Empatou em 0 a 0, mas enfrentou de igual para igual a atual campeã europeia e uma das favoritas ao título da Copa.

Entre as atletas de um dos ataques mais ofensivos do torneio, o destaque vai para a jovem Jéssica Silva que tem a brasileira Marta como inspiração e encanta os torcedores com seus lances de efeito e dribles no campo. Além dela, outras atacantes como Diana Silva e Carolina Mendes, além das meias Dolores Silva e Kika Nazareth também merecem atenção na equipe.

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