Naufrágio da Cavalo Marinho completa 6 anos e responsáveis continuam impunes.

Espera por justiça se transformou em nova angústia! Até hoje, ninguém foi indenizado pelos danos sofridos na terrível tragédia que marcou a Travessia Salvador-Mar Grande e a Baía de Todos-os-Santos.

Não bastasse o sofrimento com a perda de familiares, ou a triste experiência de viver momentos desesperadores, um novo drama insiste em fazer parte da vida das pessoas envolvidas no naufrágio da lancha Cavalo Marinho I.

A espera por justiça se transformou em uma nova angústia. Até hoje, ninguém foi indenizado pelos danos sofridos na terrível tragédia que marcou a Travessia Salvador-Mar Grande e a Baía de Todos-os-Santos.

Nesta quinta-feira (24/8), o acidente que resultou na morte direta de 19 pessoas completa seis anos. Uma sobrevivente acabou sendo a 20ª vítima fatal, um ano depois: ela morreu por conta da depressão. Ao todo, 116 passageiros, além de quatro tripulantes, estavam na embarcação, naquele dia.

Durante três anos, desde o acidente, os processos estiveram travados na justiça, até que o Tribunal Marítimo (TM), especializado em julgar ocorrências da navegação, concluísse esse processo. De forma surpreendente, mesmo na fase mais crítica da pandemia, o julgamento aconteceu e foram conhecidos os primeiros responsabilizados pela tragédia.

No dia 20 de agosto de 2020, os juízes do TM decidiram que o naufrágio foi decorrente do dolo eventual do engenheiro naval responsável pela embarcação Henrique José Caribé Ribeiro, do proprietário da Cavalo Marinho I, Lívio Garcia Galvão Júnior, e da empresa CL Empreendimentos EIRELLI-EPP.

Tribunal Maritimo

                                                     Foto: Ascom/Tribunal Marítimo

Na ocasião, acreditava-se que a iniciativa tomada pelo tribunal, que fica no Rio de Janeiro, funcionaria como exemplo para que os julgamentos dos processos indenizatórios ganhassem celeridade nas outras instâncias. Mas a realidade tem sido bem diferente.

Diante do cenário, a sensação de estar sendo esquecido pelas autoridades é, praticamente, unânime entre essas pessoas. A esperança na punição dos responsáveis continua existindo, mas muita gente, hoje, prefere não comentar o assunto.

Procurado pela nossa reportagem, o professor aposentado Alberto Luiz Ferreira, 73 anos, concordou em falar, mais uma vez, sobre o caso. Sobrevivente, ele foi um dos passageiros que auxiliou no resgate de muitos outros.

Morador da Barra do Gil, em Vera Cruz, realizava, diariamente a travessia para ir ao trabalho em Salvador. Alberto foi um dos últimos a sair do mar e contou que teve de mergulhar para atravessar a embarcação e se livrar do perigo.

O professor considera que as famílias e sobreviventes estão desgastados com a “impunidade” e por conta disso, o grupo anda dividido. No entanto, manifestou a intenção de organizar uma comissão para acionar o governo federal e solicitar uma intervenção que possa acelerar os processos na justiça.

“Eu estava pensando em elaborar um documento pra divulgar todo o processo que a gente tá sofrendo […] Inclusive, conversei com uns amigos que, também, são vítimas e estão morando em Brasília, pra ver se a gente faz um contato com algum ministério que possa nos ajudar”, comentou.

O aposentado tem seus interesses defendidos na justiça por um escritório de advocacia que atende outras pessoas relacionadas com a tragédia. Responsável pela defesa dos autores, o criminalista José Orisvaldo Brito disse a nossa reportagem que acompanha 23 ações indenizatórias.

Os processos são individuais e entre os pedidos, conforme o advogado, são solicitados danos materiais em razão das perdas econômicas no momento do acidente; danos morais decorrentes do trauma vivido pelos sobreviventes e familiares das vítimas; além de pagamento de pensões em casos específicos.

Foto: reprodução

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