PF diz que indiciados tentaram obter informações sobre delação premiada de Mauro Cid.

Investigados buscaram informações sigilosas sobre a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, com ênfase em nomes de generais e figuras políticas, segundo a Polícia Federal.

O relatório da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil detalha a atuação de investigados que tentaram acessar informações sigilosas relacionadas ao acordo de delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

A PF identifica que os indiciados buscaram obstruir as investigações, obtendo detalhes do conteúdo da delação e, particularmente, demonstraram preocupação sobre possíveis menções a generais e outros nomes-chave ligados ao golpe.

A preocupação com o teor da delação foi evidenciada por mensagens interceptadas pela PF, que indicam uma tentativa deliberada de proteger figuras de destaque dentro do governo Bolsonaro. O conteúdo das conversas foi encontrado em documentos apreendidos na sede do Partido Liberal (PL), especificamente na mesa do coronel Peregrino (Flávio Botelho Peregrino), assessor de Braga Netto.

Entre as mensagens, destaca-se um questionamento sobre o teor das reuniões de Mauro Cid. A resposta, que teria sido repassada por Cid, afirma que ele não participava diretamente das discussões, mas apenas conduzia os outros às reuniões. Outra mensagem reveladora aponta preocupação sobre a abrangência das investigações, destacando que as autoridades da PF tinham acesso a informações que não estavam armazenadas em meios convencionais, como e-mails e celulares.

Além disso, a troca de mensagens mostra que os investigados tentaram obter detalhes sobre o ex-assessor Filipe Martins e, principalmente, sobre os generais Augusto Heleno e Braga Netto. A PF identificou que Mauro Cid mencionou, de forma cautelosa, esses nomes em seus depoimentos, mas sem revelar grandes detalhes sobre sua participação em atos golpistas.

O relatório da PF conclui que os esforços para acessar a delação premiada e a tentativa de obstrução das investigações indicam uma atuação concreta de um grupo criminoso, com intenções claras de dificultar o andamento da apuração sobre a tentativa de golpe.

A PF destaca que o fato de o coronel Peregrino, assessor de Braga Netto, estar envolvido na situação agrava ainda mais o contexto, dada a proximidade do militar com os atos que visavam subverter a ordem democrática no Brasil.

Foto: Reprodução

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