Prouni tem queda de adesão e acumula 2,5 milhões de vagas ociosas.

Desde 2022 mais vagas são perdidas do que utilizadas e defasagem na captação de estudantes é apontada como problema.

Entre 2013 e 2024, o Programa Universidade Para Todos (Prouni), criado pelo governo federal para ampliar o acesso ao ensino superior, ofereceu mais de 4,8 milhões de bolsas em instituições privadas. No entanto, apenas 48,9% dessas vagas foram efetivamente preenchidas, o que representa cerca de 2,5 milhões de oportunidades perdidas.

Nos primeiros anos da iniciativa, o programa alcançava taxas de ocupação superiores a 90% e, em 2016, chegou a ter 102% de adesão, devido à convocação de candidatos da lista de espera. Contudo, desde 2022, a realidade mudou drasticamente: o número de vagas ociosas passou a superar o de ocupadas. No segundo semestre de 2023, por exemplo, 77% das bolsas oferecidas não foram preenchidas. Das 215.096 vagas ofertadas naquele período, menos de 50 mil foram ocupadas por estudantes.

Apesar da queda percentual de adesão, o volume absoluto de vagas cresceu ao longo dos anos. Em 2016, no segundo semestre, foram ofertadas cerca de 53 mil bolsas; já em 2023, esse número foi quadruplicado. Ainda assim, o aumento na oferta não refletiu em maior ocupação.

O Prouni concede bolsas de estudo integrais (100%) e parciais (50%) em faculdades privadas, em troca de isenção fiscal. Para concorrer em 2024, os candidatos precisavam ter feito o Enem em 2022 ou 2023, obter média mínima de 450 pontos nas provas objetivas e não zerar a redação. Além disso, critérios socioeconômicos e educacionais precisavam ser cumpridos, como ter estudado em escola pública ou ser bolsista em escola particular, além de atender perfis específicos, como pessoas com deficiência e professores da rede pública.

Especialistas apontam que o principal desafio é atrair o público-alvo. “Sabemos que há milhares de pessoas com perfil para o programa, mas é preciso trazê-las para ele”, afirma Henrique Silveira, sócio da área de Educação do escritório Mattos Filho, em entrevista ao g1.

A queda na adesão ao Prouni levanta preocupações sobre o futuro do programa e a eficácia das políticas públicas de acesso à educação superior no país.

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