Vitória quer manter ‘lado bom’ de 2022 para começar bem em 2023.

Acesso heroico esconde início e meio de ano terríveis; meta é manter destaques para ter temporada mais regular

Depois de tantas emoções na temporada, daria para dizer que o Vitória viveu uma montanha-russa de fases ao longo do ano, mas, em um olhar retrospectivo, não foi bem isso que aconteceu. A eliminação precoce no estadual foi o prenúncio de mais um ano difícil, que acabou bem, porém, que não pode ser esquecido em sua totalidade pela diretoria. Com o objetivo principal conquistado, o presidente Fábio Mota e todo o departamento de futebol terão muito trabalho pela frente para estender o ‘final feliz’ da Terceira Divisão até 2023.

Os últimos meses foram especiais para o torcedor do Leão. A campanha do clube na Série C foi digna de uma epopeia, com grandes reviravoltas e um final inesquecível. Contudo, a euforia prolongada só deve durar para a arquibancada, já que, para não voltar a sofrer na temporada seguinte, ainda há diversos preparativos a serem feitos. É importante lembrar, por exemplo, que grandes destaques do acesso chegaram no meio do ano, alguns até mesmo sem grande expectativa, e tornaram-se peças-chave para um futuro diferente. Agora, muitos desses já sinalizam para permanecer e lutar por mais.

De volta ao início da temporada, era uma noite de quarta-feira, dia de última rodada do Campeonato Baiano. O Vitória até derrotou o Bahia de Feira no Barradão, mas não conseguiu passar ao mata-mata do estadual e amargou a eliminação precoce pelo quarto ano seguido. Tão perto, mas tão longe, a quinta colocação foi só o reflexo de um torneio ruim por parte do Rubro-Negro, que já não dependia somente de suas próprias forças na partida final.

Volta por cima

As turbulências não passaram, mas o relógio também não parou e logo o Leão estreou na Série C, com um único objetivo em mente: a volta imediata à Segunda Divisão. Ruim é pouco para descrever as primeiras rodadas do Vitória no campeonato. Foram três derrotas em três confrontos e a perspectiva do torcedor diminuía cada vez mais. Até que, como uma luz no fim do túnel, o atacante Rafinha, recém-contratado, estreou diante do Confiança e fez logo dois gol. 

Contra o Volta Redonda, mais de 27 mil pagantes presenciaram o que parecia ser um filme de terror no Barradão. O apito final contrastou com o início da tarde, cheio de festa e esperança, trazendo o silêncio melancólico do trágico resultado de 2 a 1 para o visitante. Para completar, outro jogador recém-contratado, o centroavante Rodrigão, foi expulso no banco, antes mesmo de estrear pela equipe, por reclamação. A má fase continuou até a chegada de João Burse, que também não conseguiu fazer milagre em sua primeira partida no comando do Leão. Após o 0 a 0 com o Altos, no Piauí, o clube chegou a 51,6% de chance do inédito rebaixamento para a Série D. Para se classificar ao quadrangular final, o contexto era ainda mais desanimador: somente 2,6% de probabilidade para a Fábrica de Craques.

A confirmação de que tudo era possível veio só no último jogo da fase regular. Ao fim da temporada, o cenário era diferente daquela noite de quarta-feira, no Baianão. Agora, o Vitória só dependia de si para acabar com o pesadelo da Terceira Divisão, mas o destino ainda reservou um pouco mais de sofrimento. Foi com empate em Belém, com o Paysandu, ajudada também pelo 0 a 0  entre ABC e Figueirense, que a equipe voltou à Segundona.

Fora de campo, não há dúvidas de que a torcida foi o segredo para  o sucesso. Contudo, dentro das quatro linhas, peças como Dalton, Rafinha e o técnico João Burse vão ser fundamentais para prolongar o ‘final feliz’ de 2022 para o próximo ano. Diferente da temporada que acabou de terminar, agora a base do trabalho está aí e só resta planejamento para ser feliz o ano inteiro. (A tarde)

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